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Radar da Construção Civil - Giro semanal [edição 14–21 de setembro de 2025]
- Camila Ribeiro
- 22 de set.
- 4 min de leitura
Giro semanal: setor aponta crescimento moderado e acima do PIB, mas enfrenta juros elevados e inflação de materiais; gestão de produtividade e engenharia de valor seguem no centro da estratégia.
A semana reforçou a leitura de que a construção civil caminha para um 2025 de crescimento moderado, com desempenho acima do PIB nacional, porém em ritmo mais contido do que no ano passado. Em meio a um ambiente de #crédito caro e custos pressionados por #insumos, empresas têm recorrido a ciclos de obra mais curtos, repasses mais ágeis e uma governança mais fina de #compras e #orçamento. O foco operacional migra do expansionismo para a resiliência: preservar margem, segurar prazo e selecionar melhor os lançamentos.
O que você vai ver:
Crescimento do setor: acima do PIB, mas desacelerando
O produto interno da construção avançou 1,8% no primeiro semestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, enquanto o segundo trimestre registrou alta de 0,2% na comparação anual. Para o fechamento do ano, a projeção de 2,3% indica desaceleração em relação aos 4,3% de 2024, ainda assim superior à estimativa de 2,16% para o PIB nacional.
A leitura, apresentada em evento da #CBIC com base em dados oficiais, é de que a tração segue apoiada por atividades imobiliárias e por uma carteira de obras ainda robusta, embora mais seletiva.
Na prática, incorporadoras e construtoras ancoram seus planos em praças com melhor absorção e em projetos com estrutura de financiamento mais previsível, calibrando o mix de produtos para proteger giro e #caixa.
Juros e financiamento: o freio visível no crédito
Com a #Selic em patamar elevado, estimada em 15% ao ano, a pressão sobre custo de capital e carregamento de estoques permanece como principal travamento do ciclo. Levantamentos citados no setor apontam que 37,7% dos empresários veem os juros como o maior entrave, seguidos pela carga tributária, mencionada por 30,5%.
Do lado comercial, a resposta tem sido reforçar a pré-qualificação de clientes, oferecer simuladores com cenários de taxa e ajustar prazos e valores de entrada para reduzir fricção na conversão.
No canteiro e no backoffice, a estratégia gira em torno de encurtar o lead time de obra, acelerar repasses e reduzir capital empatado, além de travar condições com fornecedores críticos para aliviar volatilidade no custo financeiro do projeto.
Custos e inflação: insumos acima do índice oficial
A inflação setorial segue acima do #IPCA. O #INCC acumulou 7,41% nos 12 meses até julho de 2025, contra 5,23% da inflação geral do período medida pelo IBGE. Essa diferença tem exigido revisão de orçamentos, atualização do #BDI e a inclusão de cláusulas de reajuste atreladas a índices setoriais em contratos com clientes e fornecedores.
Compras antecipadas para itens mais voláteis, como #aço e alguns acabamentos, vêm sendo avaliadas caso a caso, considerando #logística, #armazenamento e custo de #capital. A engenharia de valor ganha protagonismo na substituição técnica de insumos e soluções construtivas, com padronização de métodos para reduzir variabilidade, retrabalho e, por consequência, custo por metro quadrado.
Atividade recente: resiliência sem euforia
Os dados do semestre e a tímida variação do segundo trimestre sugerem continuidade de obras e lançamentos, mas sem o ímpeto de 2024. Empresas que preservam margem combinam disciplina na gestão de frentes de trabalho com monitoramento fino de cancelamentos, prazos de lançamento e velocidade de vendas por praça.
Em paralelo, a #digitalização de jornadas comerciais e de crédito tem encurtado o tempo entre proposta e aprovação, reduzindo perdas no funil.
A leitura operacional é pragmática: priorizar eficiência e #previsibilidade, mantendo espaço para capturar demanda onde a absorção se mostra mais firme, especialmente em segmentos com ancoragem de financiamento.
Ações recomendadas na semana: custo, prazo, demanda e governança
A agenda prática do período aponta para #reprecificação dos dez principais insumos do mês, com tentativa de travar condições por 30 a 60 dias, e para a atualização de contratos com gatilhos de reajuste e SLAs de entrega em itens críticos.
Em engenharia, vale um pente-fino de #produtividade por frente para atacar gargalos com maior impacto em #prazo e considerar, quando aplicável, o uso de #pré-moldados e a padronização de métodos executivos.
No comercial, o caminho é fortalecer a esteira de #pré-aprovação, disponibilizar simuladores com diferentes cenários de juros e simplificar a comunicação sobre índices, repasses e TCEA.
Na governança financeira, recomenda-se ajustar o fluxo projetado ao INCC mais recente e ao custo real do capital, além de rodar um painel quinzenal com #indicadores: custo por metro quadrado, lead time por etapa, retrabalho e giro de estoque de materiais.
Tokenização do mercado imobiliário: inovação e caminhos para segurança jurídica
A CBIC trouxe para o debate a #tokenização de ativos como fronteira tecnológica do mercado imobiliário, enfatizando que a segurança jurídica depende do correto enquadramento do token (direito obrigacional x direito real), do registro e da governança (escrituração, custódia, compliance).
O interesse cresce pela promessa de liquidez, fracionamento de investimentos e potencial redução do custo de capital, mas a recomendação é avançar com modelagens testadas e auditoria independente.
Giro semanal: o que monitorar na próxima semana
Atenção às leituras atualizadas de custo via INCC e componentes, aos comunicados setoriais de CBIC e às divulgações do IBGE que afetem demanda e preços. Movimentos nas taxas de financiamento imobiliário e em subsídios podem alterar ritmo de vendas e cancelamentos. No front regional, atualizações de atividade e emprego na construção ajudam a ajustar portfólios e o cronograma de lançamentos, especialmente em mercados que mostram mudança de absorção.
Fontes: UOL Economia; FGV; CBIC; O Tempo.
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